sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Tempo de qualidade.

Acho uma piada quando ouço falar em tempo de qualidade! Nunca ouvi alguém explicar o que significa exactamente ”tempo de qualidade”, porém, pelo do que depreendo da conversa, é aquele tempo exclusivo que pais muito ocupados dedicam aos filhos. É assim, são pais-trabalhadores que privilegiam as carreiras e uma vez por semana, ou uma vez de quando em quando, fazem um intervalo e tornam-se em PAIS por algumas horas. Nessas horas, levam os filhos aos sítios que eles mais gostam, compram-lhes aquilo que eles pedem, são todos ouvidos e atenção. Por isso, quando ouço alguém dizer que passa pouco tempo com os filhos, mas que esse tempo é de qualidade, vejo imediatamente que estou perante um pai/mãe ausente que tenta agarrar-se ao argumento da qualidade como justificativo da sua opção. Não sei ao certo o que se passará nas cabeças destes filhos, todavia não acredito que esta passagem de “qualidade” para “nulidade” dê bons resultados. Quando eles crescerem, certamente, que esta aprendizagem do tempo de qualidade se vai insinuar em suas vidas. A namorada não quer fazer as mesmas coisas? O namorado não cede? Os amigos não dão atenção? Onde está a qualidade? Parte p’ra outra!
Não tenho nada contra os adeptos do tempo de qualidade, porém não venham dizer-me que fazem melhor pelos filhos, do que os pais que passam mais tempo com eles. A vida não é feita de tempo de qualidade, na vida temos de tudo. Há alturas em que estou com os meus filhos e me dedico a eles somente, noutras alturas estou em casa com eles e contudo tenho outras tarefas a executar. Eles sabem, aceitam e compreendem. A esta amostra da vida chamo equilíbrio e desde criança aprendemos que a vida é feita de toda a qualidade de tempos.