quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Com a personalidade às costas, ouups, perdão, com a casa às costas


Cena 1: Todas as vezes que A começa a trabalhar numa empresa, a sua disposição é a melhor, abraça o trabalho com energia e entusiasmo. Tudo são rosas. Com o passar do tempo as rosas vão perdendo o perfume, a cor, as pétalas, até ficarem só os espinhos! As queixas contra os colegas, chefes, patrões sucedem-se e repetem-se. Claro que A não suporta a situação muito tempo e bate com a porta. Encontra um novo emprego e o quadro repete-se. Tem sido assim, desde que entrou no mercado do trabalho, há uns 10 anos.
Cena 2: B tem tido problemas com os vizinhos. Um a um vão sendo descartados por possuírem defeitos inconciliáveis. B tem-se em alta conta, os vizinhos é que abusam; então, vai deixando de falar com eles, até ficar praticamente isolada. Claro que mudar de casa é um bocado mais complicado do que mudar de emprego, portanto B tem dito que se pudesse pegaria na sua casa e a levaria para outro lugar. Onde, com certeza encontraria outros vizinhos.
Quem está envolvido nas situações não vê com clareza, pois o ego defende a sua auto-estima. A personalidade precisa de ser apaziguada com a atribuição da culpa a outrem, por isso iliba-se da responsabilidade e para isso serve-se da falta de objectividade. Certamente que pelo facto de eu não estar envolvida, vejo estas situações com maior objectividade; é relativamente fácil de compreender que os problemas não são externos às pessoas, mas inerentes às suas personalidades. A prova é que mudando os factores externos o problema reaparece. Na realidade, as pessoas são dominadas pela lei da causa-efeito. Para ser objectivo é necessário ser consciente, e só após reconhecer a nossa responsabilidade nos problemas, poderemos reflectir no que originou o problema e querer mudar a causa para que o efeito mude também.
A objectividade é algo que se treina, é só necessário ter vontade. A Gnose ensina-me muita coisa, pois é necessário uma base teórica para chegar à prática, mas não se consegue nada sem vontade.
Reconheço que é difícil dizer: “mea culpa”, mas só depois disso poderemos assumir a responsabilidade da nossa vida e deixarmos de ser vítimas das pessoas e circunstâncias. Caminhar toda a vida com a mesma casa às costas é viver encarcerado e Eu escolho a liberdade.