quinta-feira, 22 de março de 2007

O principio do fim do complexo de Édipo


Muitas vezes as pessoas falam do complexo de Édipo desconhecendo o mito que lhe deu origem. Durante muitos anos eu pensei que Édipo se tinha apaixonado pela mãe, sabendo que Ela era sua mãe. Só na Faculdade, ao estudar Mitologia Grega, lendo a obra de Sófocles é que compreendi que Édipo fora afinal uma vítima do destino.

Quando Édipo nasceu, o rei Laio, seu pai consultou os oráculos, tal como era costume, e estes disseram-lhe que Édipo o mataria e casaria com sua mãe, Jocasta. Por tal motivo, Laio abandonou o filho num monte para que morresse, no entanto, este foi recolhido por um pastor e viveu. Mais tarde, foi adoptado pelo rei de Corinto e voltou a Delfos. Encontrou-se com Laio, e desconhecendo o parentesco, envolveu-se numa luta com ele e matou-o. Em seguida, resolve o enigma proposto pela esfinge que dominava a cidade, que consistia nisto: qual o animal que começa por caminhar com 4 pés, depois passa a 2 e finalmente a 3? Édipo respondeu que era o homem, na infância (gatinhando), na idade adulta (caminhando) e na velhice (com ajuda de um cajado). Como prémio o povo proclamou-o rei, casando-se com a rainha, sua mãe. A inexorabilidade do destino estava provada! Quando Édipo descobriu que matara o pai e casara com a mãe, furou os seus próprios olhos, como punição.

Tudo isto a propósito de quê? Bem, eu tenho-me deleitado com a psicológica fase edipiana, porque o Duarte é a personificação deste mito. Quantas vezes ele se aproxima de mim para dizer que me ama, me adora? Para me abraçar e beijar? IMENSAS VEZES. Incontáveis. Inumeráveis. Inesquecíveis! Nessas alturas, que o pai presencia, com um ténue, disfarçável ciúme, eu sorrio orgulhosamente e digo:- Bendito complexo de Édipo! Aí, o pai sorri placidamente, lembrando-se do complexo de Electra.

Ainda recentemente, num determinado ponto de uma conversa, entre mim e o meu marido, ele dizia a brincar:
- Então, na próxima vida queres casar comigo?
Ao que o Duarte prontamente respondeu, antecipando-se-me:
-Nem penses! Tu já casaste com a mãe, agora é a minha vez!
(Que delícia…é um complexo lindo!)
Complexo que está prestes a desintegrar-se…. O sinal, recebi-o com esta conversa:
Duarte: - Tomás, já tens namorada?
Tomás: - Quê?!
Mãe:- O Tomás é muito pequeno ainda, Duarte. Porquê, tu já tens?
Duarte:- Já.
Mãe (ainda muito confiante, pensando que era ela): ai sim? E como se chama?
Duarte: Sofia!
Mãe (com sorriso amarelo): da tua escola?
Duarte: sim, da minha sala. Ela é minha amiga. Muito minha amiga!

Sofia... a primeira namorada do meu filho. Bem, pelo menos posso orgulhar-me dos seus critérios, não me disse que ela era muito bonita, mas sim “muito minha amiga”!
C’EST LA VIE!