segunda-feira, 25 de junho de 2007

Sem rótulo!


Certa vez, li algumas linhas da entrevista que uma blogueira de sucesso deu a uma revista; ela dizia que o segredo estava em fazer com que os leitores se identificassem.
Então, eu pensei, se eu fosse obesa poderia escrever a minha luta com a balança, falar de dietas, de como sucumbira comendo um bolo de chocolate sozinha, de uma só vez; aí eu teria comentários solidários de outras mulheres com o mesmo problema, que trocariam ideias comigo. Mas sou magra, sempre fui e posso comer todas as calorias que quiser que a balança não mexe!

Se eu fosse fumadora poderia falar da minha luta contra o vício e contar os métodos experimentados, desde o autocolante de nicotina à hipnose, e de como roera as unhas até ao sabugo, nos poucos dias que conseguira não tocar no cigarro. Mas não sou fumadora, nunca fui.

Se eu fosse poetisa poderia escrever lindos poemas sobre o meu estado de espírito e entregá-los à interpretação dos meus inteligentes e sensíveis leitores. Porém, a minha veia poética não vai tão longe.

Se eu fosse polémica poderia fazer afirmações bombásticas, tipo: “A responsabilidade da actual situação em África é da própria mentalidade africana”. Os politicamente-correctos comentariam indignados, pois todos sabem que os responsáveis são os colonizadores! Contudo, eu sou discreta e sobretudo bem-educada e as polémicas podem facilmente descambar para o insulto e agressão!

Se eu fosse solteira poderia falar da falta de homens decentes, inteligentes, bonitos, bem-humorados e ricos! Da minha vontade frustrada em ter uma relação feliz que me levasse ao altar! Mas sou casada; e acredito que o meu casamento será para toda a vida.

Se eu quisesse engravidar e não conseguisse, poderia falar dos tratamentos de fertilidade, de fertilizações in vitro, do insucesso e das depressões que isso me causava. Outras mulheres na mesma situação,comentariam, dando-me força, indicando-me especialistas e remédios fantásticos. Contudo, eu tenho 2 filhos maravilhosos, graças a Deus!

Se eu tivesse muitos conhecimentos religiosos poderia postar textos profundos, inspiradores de mudanças de comportamento, que fizessem reflectir os meus leitores. Mas o que sei, dá apenas para mim, não sinto que possua conhecimentos suficientes para partilhar.

Se eu fosse uma cozinheira excepcional poderia tirar fotos de pratos deliciosos, mas quem quer o blog de uma dona de casa, quando há tantos “chefs” a postar “nouvelle cuisinne”?

Realmente, acho que nunca terei milhares de leitores, até porque nem sequer estou linkada nas listas de ouro das estrelas da blogosfera; o preço a pagar não vale o sacrifício de comentar e ser ignorada.
Escrevo o que me apetece, sobre coisas importantes como o ambiente e pequenas como as andorinhas; escrevo o que me dá na real gana. Não tenho a pretensão de mudar ninguém, não acredito que alguém lendo um post meu, tenha radicalmente mudado a sua perspectiva de vida. Porque sobretudo, o meu blog faz-me pensar a mim.
Por tudo isto, concluo que sou difícil de ser etiquetada! E como é bom não ser rotulada, colocada na prateleira dos tais ou dos cujos. Não receber prémio de fazer pensar, de fazer rir, de amar ou de ter tomates! Não julgo quem gosta de receber os selos, nem quem gosta de atribui-los, eu simplesmente não vejo utilidade nisso. Metade da blogosfera a dar prémios, outra metade a receber, no entanto raros foram os casos em que eu concordei com a atribuição! Já encontrei um blog de culinária com o selo dos tomates! Uma atribuição literal. Penso que as pessoas se sentem constrangidas; - Tenho que nomear 5 blogs que me fazem pensar, mas só com 3 isso acontece! Nomeio esses 3? Como explicar isso aos outros?! Então, vai de pim-pam-pum!
Espero não servir de pretexto á Luma! Ela já avisou que iria criar o prémio carqueja, para os blogueiros amargos, o que me fez rir muito! Mas se porventura isso acontecer, já aviso: Não recebo, até porque eu sou mesmo é agridoce!

Boa semana a todos!