sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Halloween


Como defensora da cultura e tradições portuguesas não vejo com bons olhos a publicidade que se faz à volta de festas importadas de outras culturas,neste caso a anglo-saxónica, com o Halloween ou "dia das bruxas". Nas escolas, os professores de Inglês promovem celebrações da data, as discotecas publicitam as festas, as lojas de brinquedos já vendem fantasias apropriadas e as lojas de decoração já ostentam nas montras caras de abóbora em cerâmica, bruxas suspensas e outros objectos decorativos.
Parece-me que a celebração do Halloween está a divulgar-se e a popularizar-se nas gerações mais jovens o que, ambiguamente, me incomoda e suscita curiosidade. Portanto, fui informar-me sobre o Halloween.

Descoberta surpreendente número 1: Inicialmente era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão (samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta). O fim do verão era considerado como ano novo para os celtas, sendo uma data sagrada.

Descoberta surpreendente número dois: Na idade média todos aqueles que comemoravam a data(ou suspeitos de comemorar…), considerada obviamente pagã, foram julgados por bruxaria e condenados à fogueira pela Inquisição. Daí a data ser conhecida como "dia das bruxas".

Descoberta surpreendente número três: Actualmente, além das práticas de pedir doces, pessoas há que celebram à moda celta, como os praticantes do druidismo ou da wicca, considerada a bruxaria moderna.

Vendo bem,apesar da festa ter fugido ao sentido inicial, uma celebração que marca o fim do verão, que remonta aos anos 600 a.c. e que sobreviveu à perseguição do Santo Ofício, merece ser comemorada!

Acho que este ano, também eu, vou acender uma vela, na noite de 31 de Outubro, numa das janelas da casa, num ritual que homenageia os meus ancestrais!

Feliz Halloween...para aqueles que querem comemorar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Oportunidades


Eles construíram a casa pensando unicamente na estética; uma casa linda, uma arquitectura diferente onde a luz natural entra por todo o lado. Esqueceram que tinham um casal de gémeos de 1 ano, que já gatinhavam e em breve caminhariam sozinhos. E se em qualquer casa os perigos espreitam às crianças e os pais se preocupam em bloquear fechaduras e gavetas, proteger esquinas, colocar grades nas escadas, etc. nesta casa o perigo não espreita, está lá, exposto, por todo o lado! A família inteira previne o casal, mas eles resistem. Por vaidade, porque uma rede plástica no passadiço destrói a beleza daquela ponte suspensa. Por orgulho, porque concordar com a família é o mesmo que dizer que estão errados. Por soberba, porque se cederem estão a permitir à família que interfira na vida deles.

Nós só passamos lá um fim-de-semana e eu apanhei um susto enorme ao ver o Duarte a subir as grades do passadiço, a cabeça dele debruçada para fora e o corpo a reclinar-se para o vão. Tudo porque queria sentar-se na cama de rede. Fiquei a tremer, o casal viu mas não ficou a tremer…

Há alguns anos atrás um familiar, que precisava tomar uma decisão, pediu-me um conselho e eu dei. Todos concordavam comigo, não porque eu fosse extraordinariamente sensata, mas porque simplesmente era por demais evidente. Ela ouviu, disse que eu tinha razão e na hora fez tudo ao contrário, fez o que queria. Esse acto representou um atraso na vida dela de 6 anos, andou à deriva, sofreu, arrependeu-se e voltou ao ponto de partida. Quando ela quis, quando ela compreendeu. Eu também compreendi que ninguém muda ninguém. Ela teve sorte, porque apesar de tudo, teve oportunidade de voltar atrás e refazer o percurso. Mas, e quando não há oportunidade de voltar atrás? Quando os passadiços têm grades em degrau e duas crianças curiosas deambulam pela casa?

Alguém me disse estes dias que todos temos oportunidades, só temos que saber aproveitá-las.

Bom fim de semana!

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Quem é responsável?

Quando eu já penso que li tudo ou ouvi tudo sobre formas de repressão da mulher tomo conhecimento de mais alguma! Não pensei que ainda restassem segredos sobre o assunto, afinal há. No Camarão existe um costume que se transmite secretamente: na puberdade os seios das meninas são”repassados”, com a ajuda de uma espátula ou pedra aquecida, até que desapareçam! Uma em cada 4 raparigas será vítima desta prática bárbara que lhes pretende retardar a sexualidade. A explosão das gravidezes precoces incita as mães e avós a utilizar este processo. Ao invés de as educar informando-as sobre a sexualidade e dizer-lhes que nenhum homem tem o direito de lhes tocar, mutilam-nas. Contra os homens não é tomada alguma medida, pois é aceite que eles apenas desempenham o papel deles. É mesmo muito comum que na Primária o professor repare na menina mais precoce, comece a cercá-la, e mesmo que ela recuse( é inútil ), ele acaba por conseguir abusar dela e quando engravida é expulsa da escola!
Felizmente, um grupo de mulheres começa a combater este costume, e a divulgar nas escolas as informações necessárias para que as raparigas se protejam. Algumas destas mulheres, elas próprias vítima desta prática, acusam:” É o nosso próprio estatuto de mulher que as nossas mães pisam”.

É lamentável a quantidade de práticas inventadas pelo mundo afora que visam mutilar e destruir a mulher, sobretudo na entrada da idade adulta. Contrariamente, para os homens os rituais de passagem para a vida adulta visam aumentar-lhes a auto-estima, a confiança, enfim, a promoção do seu próprio género!
Mas afinal, quem “inventa” as práticas bárbaras que mutilam e humilham a mulher?!

(post inspirado por Marie Claire, edição francesa de Setembro2007)

domingo, 7 de outubro de 2007

O génio da garrafa


(imagem aqui)
A minha mãe contou-me que a filha de uma vizinha dela abandonou o marido; cansou-se das agressões constantes e fugiu de casa. Deixou as duas filhas pré-adolescentes, deixou todos os seus bens e desapareceu para parte incerta. Embora não consiga compreender como se deixam filhos para trás, compreendo o desespero desta mulher. O marido diz que a mulher foi passar umas férias a França, a casa do irmão. Claro que o machista covarde não conseguiria aguentar a vergonha de afirmar que foi abandonado. Certamente nem para ele consegue colocar a situação nessas palavras. A família dela sabe onde ela está mas guarda segredo. A família dele desculpa-o, afinal ele é bom rapaz, só quando bebe é que perde o controle…a culpa é da bebida!

Já ouvi muitas vezes atribuir responsabilidades ao álcool, como se de dentro da garrafa saí-se uma entidade independente que absorvida torna o bebedor numa marioneta dos seus caprichos; uns ficam palhaços e fazem rir, outros ficam violentos e fazem chorar! Ora façam-me o favor!

Que pena as pessoas não terem consciência de que são as únicas responsáveis pelos seus actos, de que de facto são marionetas, mas dos seus vícios!
Que lamentável desperdício de tempo. Ora façam-me o favor!