sábado, 29 de dezembro de 2007

Balanço, balancinho, balancete


Não sei conciliar esta sensação de bênção pela vida que tenho com a impressão de caos que recebo do exterior. Não direi que o meu “navio” navegou somente e sempre em águas tranquilas este ano, mas as tempestades que apanhou foram ultrapassadas com fé e esperança; tempestades essas que assumem proporções reduzidíssimas quando comparadas com os problemas dos outros. Tempestades que se transformam, apenas, em ondas um pouquinho mais agitadas quando me lembro dos problemas reais de mais de meio mundo! Sim, tenho graças a dar, porém, sinto uma sensação de “quase-pânico” quando recordo que o desemprego exorbita, que a pobreza continua a apoderar-se de mais pessoas, que a criminalidade está a aumentar, que o sistema de Saúde em Portugal continua a piorar, que a Justiça já antes cega está inerte, que os agentes policiais estão de mãos atadas, que os políticos estão a anos-luz de saber como vivem e sobrevivem os portugueses e que se estão borrifando para isso.
Entro em pânico quando vejo atentados terroristas um pouco (?) por todo o mundo, imensos países em guerra declarada, milhares de pessoas a morrer de fome, milhares de deslocados, outros milhares a viverem da caridade internacional, pessoas que vivem num estado de pobreza absoluta, pessoas perseguidas e assassinadas por pensarem diferente, os extremistas islâmicos que causam dor e morte e parecem estar em todo o lado. Como acreditar numa humanidade que pega numa ideia de amor e a transforma em sofrimento e morte?
Se eu olhar para o meu umbigo vou celebrar o Ano novo com música e dança, se levantar o meu olhar vou celebrar com oração. Que difícil é conciliar o interior com o exterior!

domingo, 23 de dezembro de 2007

NATAL!


Só pelo facto de o ser, o mundo parece outro:
Auroreal e mágico.
O homem necessita cada vez mais destas datas sagradas,
Para se ver transfigurado nas ruas
Por onde habitualmente caminha rasteiro.
São dias em que estamos em graça,
Contentes de corpo e lavados de alma,
Ricos de todos os dons que podem advir
De uma comunhão íntima e simultânea
Com as forças benéficas da terra e do céu.
Dons capazes de fazer nascer num estábulo,
Miraculosamente,
Sem pai carnal,
Um Deus de amor e perdão.

Miguel Torga

A todos os que visitam "Mãe e muito mais" votos de um Feliz Natal!
Fiquem com Deus.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Um conto de Natal


Este conto foi utilizado como texto numa prova de Português do 5º ano; fiquei fascinada com a história e quero muito partilhá-la. Que nos inspire sentimentos generosos e que o nosso egoísmo possa dar lugar ao altruísmo, celebrando assim o nascimento de Jesus.
Informei-me da sua origem; se desejar pode visitar o site onde encontrei o conto.

Um conto de Natal
A história é simples, mas comovedora. Tudo começou porque Mike odiava o Natal. Claro que não odiava o verdadeiro sentido do Natal, mas seus aspectos comerciais.

Os gastos excessivos, a corrida frenética na última hora para comprar presentes para alguém da parentela de que se havia esquecido.

Sabendo como ele se sentia, um certo ano a esposa decidiu deixar de lado as tradicionais camisetas, casacos, gravatas e coisas do gênero. Procurou algo especial só para Mike.

A inspiração veio de uma forma um tanto incomum. O filho Kevin, que tinha 12 anos na época, fazia parte da equipe de luta livre da sua escola.

Pouco antes do Natal, houve um campeonato especial contra uma equipe patrocinada por uma associação da parte mais pobre da cidade.

Esses jovens usavam tênis tão velhos que a impressão que passavam é de que a única coisa que os segurava eram os cadarços. Contrastavam de forma gritante com os outros jovens, vestidos com impecáveis uniformes azuis e dourados e tênis especiais novinhos em folha.

Quando o jogo acabou, a equipe da escola de Kevin tinha arrasado com eles.

Foi então que Mike balançou a cabeça, triste, e falou: “queria que pelo menos um deles tivesse ganhado. Eles têm muito potencial, mas uma derrota dessas pode acabar com o ânimo deles.”

Mike adorava crianças. Todas as crianças. E as conhecia bem, pois tinha sido técnico de times mirins de futebol, basquete e vôlei.

Foi aí que a esposa teve a idéia. Naquela tarde, foi a uma loja de artigos esportivos e comprou capacetes de proteção e tênis especiais e enviou, sem se identificar, para a associação que patrocinava aquela equipe.

Na véspera de Natal, deu ao marido um envelope com um bilhete dentro, contando o que tinha feito e que esse era o seu presente para ele.

O mais belo sorriso iluminou o seu rosto naquele Natal. No ano seguinte, ela comprou ingressos para um jogo de futebol para um grupo de jovens com problemas mentais.

No outro, enviou um cheque para dois irmãos que tinham perdido a casa em um incêndio na semana anterior ao Natal.

O envelope passou a ser o ponto alto do Natal daquela família. Os filhos deixavam de lado seus brinquedos e ficavam esperando o pai pegar o envelope e revelar o que tinha dentro.

As crianças foram crescendo. Os brinquedos foram sendo substituídos por presentes mais práticos, mas o envelope nunca perdeu o seu encanto.

Até que no ano passado, Mike morreu. Chegou a época do Natal e a esposa estava se sentindo muito só. Triste. Quase sem esperanças.

Mas, na véspera do Natal, ela preparou o envelope como sempre.

Para sua surpresa, na manhã seguinte, havia mais três envelopes junto dele. Cada um dos filhos, sem um saber do outro, havia colocado um envelope para o pai.

* * *
Escrito por alexdeoxossi em dezembro 5, 2006

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Postais de Boas Festas


É sabido de todos que a celebração do Natal tem sofrido imensas alterações, sendo que uma delas é o eminente desaparecimento do envio de postais de "Boas Festas". Reflexo de uma sociedade apressada, muitos optam pelo telefone, ou reflexo de uma sociedade cada vez mais tecnológica, muitos outros escolhem os postais electrónicos. Eu utilizo um e outro, admito; porém, continuo a enviar postais de Natal pelo Correio, porque penso que são os mais bonitos de receber. Nada substitui o excitante gesto de abrir um envelope; depois, podem colocar-se pela casa, contribuindo para a decoração natalícia. Podem ser lidos e relidos; mostrados aos familiares; admirados vezes sem conta.

Já há alguns anos que eu faço os meus próprios postais. Todos os anos altero o design; mudando os materiais utilizados, a temática( no ano passado a imagem central era uma foto dos meus filhos junto ao pinheiro)e o formato. Este ano fiz com cartolina de várias cores, fita de seda e auto-colantes.

As crianças também ajudaram, fazendo algumas imagens que eu adaptei. Deste modo, familiares e amigos recebem postais personalizados, únicos, feitos a pensar neles. É só mais um gesto para contrariar a tendência de comprar tudo feito e de viver o Natal antecipadamente.
A Anita também postou sobre os cartões de Boas Festas, contando a sua origem, que achei muito interessante.Se quiser saber mais é aqui.

Bom fim semana!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Direitos humanos - Uma vida digna


A Declaração Universal dos Direitos do Homem da Organização das Nações Unidas afirma: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."
Marco Aurélio diz em “Meditações” : ”…nascemos para colaborar na mesma obra, como os pés, as mãos, as pálpebras, os dentes superiores e inferiores. É contra a natureza a hostilidade recíproca”. Porém, por razões várias, o homem desrespeita o homem, atropela, mutila, mata.

Por cupidez a Texaco-Chevron envenenou impunemente a natureza e as pessoas na região do Lago Agrio no Equador. Desde os anos 60 a explorar os campos petrolíferos equatorianos, e não aplicando as normas de segurança dos países ocidentais, a Texaco-Chevron é a responsável pelas doenças intestinais e respiratórias, abortos espontâneos e crianças mal-formadas, por famílias inteiras disseminadas devido a cancro. Duas tribos índias, os Tetetes e os Sansahuaris foram varridos da face da terra. A Texaco-Chevron não respeitou os direitos humanos.
Finalmente, as vitimas uniram-se e reclamam justiça, exigindo que a Texaco-Chevron assuma responsabilidades; porém, a multinacional pressiona e manipula para que a justiça equatoriana interceda a seu favor. A Amnistia Internacional preocupa-se com Guadalupe de Heredia, porta-voz da equipa jurídica, e seus familiares, objecto de uma campanha de intimidação e agressões violentas.
O 1º direito do Homem é direito à vida; a uma vida digna.
Então, eu pergunto:
- Quem luta pelo direito das pessoas do Lago Agrio?
- Quem luta pelo direito deles à vida?
- Onde está o direito deles a uma vida digna, se no final nem podem reclamar, exigir justiça?!
O que fazer, então? Denunciar e Lutar! Por nós e pelos outros! E boicote; no mínimo boicote a Texaco-chevron!

Post integrado na blogagem colectiva, sobre os Direitos Humanos, promovido por Sam. Clique para conhecer os participantes.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O Natal stressa-me!

Ai que saudades da minha meninice, quando sonhava com o Natal sem pensar na máquina que o fazia funcionar! Não pensava na lista de presentes, nem o que oferecer e a quem, não pensava em dinheiro, nem nas questiúnculas dos adultos, não me inquietava sobre onde passaria o Natal, nem como! O Natal simplesmente acontecia e não havia nada nem ninguém que o impedisse; e todos recebiam presentes e nada ensombrava o dia! Era o meu dia preferido do ano, antes mesmo do meu aniversário.

Mais tarde cresci e comecei a compreender a outra dinâmica do Natal; a magia da infância desaparecera mas continuava bem patente o cariz de festa familiar do Advento. Ainda assim era muito bom!
No ano passado compreendi, finalmente, como o Natal se tornara uma festa materialista, antecedido por um frenesim consumista, que atinge o cume com comezainas e enfartamentos. Pela 1ª vez senti, realmente, necessidade de celebrar o Natal de forma diferente; abolir o materialismo, recolher-me em reflexão sobre o que significa o Natal, e viver o nascimento de Jesus como o meu renascimento interior.

Por conta de complicações de adultos, o meu presépio estará repleto de figuras indiferentes, que não me dizem nada (já nem festa familiar, é!), e na manjedoura teremos novamente o materialismo, bafejado pelo consumismo e gula.
Quando penso neste presépio, sinto que as minhas emoções pelo Natal estão a ser aniquiladas; este Natal angustia-me!
Enfim, resta-me sempre o ano que vem…