segunda-feira, 28 de abril de 2008

Fim dos tabus


Fico perplexa com a actual facilidade das pessoas em assumir comportamentos interditos. Tabus como ser divorciado, ser mãe solteira, fumar, tomar a pílula, fazer um aborto, etc, já tiveram o seu tempo. O tabu diluiu-se sob o signo da liberdade, do “ninguém tem nada com isso” e os limites alargaram-se para lá da imaginação. Que um pai de 60 anos e uma filha de 30 venham assumir um romance, e o filho que tiveram em conjunto, passa para lá da minha imaginação.

Como chegamos a esta situação? Acredito que o aniquilamento de valores tem levado à dissolução dos tabus. Contudo, todas as sociedades, todas as culturas necessitam de tabus, por isso mesmo os têm e tiveram; os tabus são limites pelos quais as pessoas se orientam, pelos quais as sociedades se pautam buscando a preservação da ordem. Uma cultura sem tabus torna-se devassa e em última instância caótica.

Fiquei a pensar no Eça. Se Eça de Queiroz tivesse vivido numa sociedade sem tabus jamais teria escrito “Os Maias”, pois a trama principal seria completamente banal; Carlos da Maia e Maria Eduarda poderiam ter vivido uma vida conjugal pública e assumida, poderiam ter tido filhos e poderiam até ter vivido felizes para sempre!E aquela única vez em que Carlos sucumbira a Maria Eduarda, em consciência, não teria tido aquele efeito avassalador.

Que lástima….

Uma boa semana a todos!