sábado, 29 de novembro de 2008

Fernanda vai às compras


À mercearia. Aposto que já nem se lembra como é, se é que alguma vez soube. Quando eu era criança havia uma mesmo pertinho da minha casa. Os meus pais tinham lá conta aberta e pagavam no final do mês. Havia de tudo e muitos artigos eram vendidos avulso, o que facilitava a quem pretendia pequenas quantidades, por não precisar de mais, ou para pagar menos. Levávamos saco para trazer as compras. Ali todos os clientes eram tratados pelo nome e os nossos gostos eram conhecidos. Os clientes estavam de um lado do balcão e o Sr. G. do outro. Ele fazia a conta num canto de papel grosseiro, a lápis, que trazia sempre preso na orelha. Naquela época eu achava os supermercados o máximo, quando íamos à cidade. Com mais variedade, mais sofisticados com os seus carrinhos e máquinas registadoras.

Actualmente voltei a fazer compras numa das raras mercearias que sobrevivem a muito custo. Levo o meu saco de pano e várias sacas plásticas para a fruta e vegetais, que reutilizo. Ali o tempo parou; a balança funciona a pesos, a conta é feita manualmente, num papel pardo. Os clientes ainda são tratados pelo nome e as suas preferências conhecidas. As crianças recebem um rebuçado de presente e perguntam-lhes como vai a escola. Ainda encontro ali produtos caseiros, como enchidos, broa de milho e ovos. E por vezes, há fruta e legumes biológicos – vou sussurrar: não calibrados! Imperfeitos; tal como a natureza os fez e sobretudo sabem ao que são. Verdadeiras delícias de sabor autêntico, que me fazem recordar a infância. Por isso vou lá. Apesar de não fazerem promoções, nem darem talões e muito menos aceitarem cartões de crédito. Dá para entender, que ir à mercearia também é bom para o ambiente? Um pouquinho, espero.

Tenha um bom fim de semana!