segunda-feira, 30 de março de 2009

Encontre o seu caviar!


(Imagem aqui)
Eu não poderia permitir-me comer caviar, de manhã, à tarde e à noite; mas também que interessa isso, se eu nem sequer gosto de caviar?! Adoro torradas com manteiga e café com leite ao pequeno-almoço, e poder começar o dia deste modo já me deixa feliz.

Frequentemente pensamos que a nossa felicidade depende disto ou daquilo, de um objecto ou objectivo, e quando finalmente o alcançamos sentimos...que não era nada disso! E despendemos tempo e energia a perseguir fogos-fátuos, quando temos ali ao lado, muitas vezes à mão, tudo o que precisamos para sermos felizes.

Então, este será o 1º passo para a felicidade: reflectir naquilo que o faz feliz!

Não permita que a felicidade seja cara e rara, como o caviar; isto é o que lhe desejo, para esta semana: encontre o seu caviar!


P.S. Ainda não leu a minha entrevista? Passe no Palimpnóia e partilhe as suas impressões por lá mesmo ;) !

sexta-feira, 27 de março de 2009

Entrevistas no PALIMPNÓIA


Eu gosto de ler entrevistas; mesmo de pessoas de quem nunca ouvi falar, eu leio. Há frequentemente uma verdade nas entrevistas, algo de tão pessoal e único que faz com que a leitura valha a pena. Enquanto leitora não me tinha imaginado do lado de lá, na pele de entrevistada. Fico um pouco constrangida ao expor-me de forma tão directa como numa entrevista acontece. Eu sou, e sempre fui, do tipo difícil; não entrego a informação toda de uma só vez, vou-me desvendando para quem tiver o interesse e paciência em me conhecer.

Agora imaginem a minha surpresa com o convite do pessoal do Palimpnóia, para ser a primeira leitora entrevistada, de uma série que o blogue hoje inaugura!

Embora ambiguamente lisonjeada e reticente, a minha resposta só poderia ser afirmativa, porque o convite veio de pessoas muito queridas, cuja escrita eu aprecio imenso. E mesmo arredia a postar imagens minhas desta vez abri uma excepção; tive inclusive direito a retrato, feito pela artista Beti Timm! A todos eu expresso o meu agradecimento e deixo um abraço.

E mais não digo, porque continua lá, no PALIMPNÓIA!

Tenha um óptimo fim-de-semana!

segunda-feira, 23 de março de 2009

Você acredita em quê?

Se eu disser que acredito em Deus muitos são os que olham para mim com ar superior, “ Coitada – pensam eles - que ingenuidade!" E porquê? Porque acreditar em Deus é irracional, não há nada que prove a sua existência. Eu posso estar enganada, é verdade. Mas eles também.

Se eu disser que suspeito muito dos micro-ondas e dos telemóveis, que a minha geração ainda vai sofrer imenso com os efeitos das ondas pelos longo anos de uso, esses mesmos que se riram antes de mim, vão voltar a rir-se.
Que desvario da minha parte, acreditar num Deus que ninguém prova que existe e não acreditar na ciência! Pois, a maior parte das pessoas substituiu Deus pela ciência, o primeiro é uma ilusão dos fracos, a segunda é o trunfo dos inteligentes. Se você começar uma frase, dizendo “ está provado cientificamente”, pode terminar a frase como desejar que ninguém o vai contestar. Porém, se fizer afirmações de natureza espiritual, dizendo “ eu acredito”, tenha cuidado com o que vai pronunciar a seguir, porque o mais provável é ver como resposta um sorriso condescendente.

Mas afinal o que têm a Ciência de tão absoluto? Os cientistas são homens susceptíveis de engano como todos. A manutenção das suas investigações depende quase exclusivamente do patrocínio de empresas a quem interessa um determinado resultado. Pressões são feitas. Por isso tem acontecido ao longo da história que as teses defendidas pela ciência mudem e se desdigam. Aquela que me ocorre, por achar chocante demais enquanto mãe e mulher, foi a teoria, nos anos 60/70, de que o leite em pó seria melhor para os bebés, em detrimento do leite materno. As mulheres secavam o leite para comprar leite em pó nas farmácias! Ninguém me vai convencer que os cientistas defensores desta aberração não estavam ao serviço das indústrias de leite em pó, de multinacionais poderosas.

Portanto, fique atento, não abuse do telemóvel, cuidado com o micro-ondas e com tudo aquilo que funciona sem fios. Pelo sim, pelo não; lembre-se, nós somos as cobaias!

Tenha uma óptima semana!

segunda-feira, 16 de março de 2009

O Paulo é feliz a distribuir correio!

(Imagem aqui)
O Paulo é o carteiro de uma pequena localidade, conhece todos os habitantes pelo nome, sabe das tristezas e alegrias de cada um, é enfim, mais do que um carteiro, é um amigo. Bem-disposto, faz o giro diariamente, ansioso por atender quem precisa dele. É feliz assim.

Agora a sério; dá para acreditar que alguém seja feliz a distribuir correio?! Que palmilhe kms por dia, que mal ganhe para os sapatos que rompe e ainda assim consiga ter um sorriso estampado no rosto?! Não dá, pois não? Só podia ser num desenho animado!

O carteiro que faz o giro da minha rua é um rapaz muito simpático, sorrindo permanentemente, e muito competente; não creio que a ambição dele seja distribuir correio ad eternum. Para minha consternação, ele vai querer progredir (o que é justo), passar para o atendimento no Correio, depois ser chefe de serviço e por aí acima. Ter ambição é bom, faz-nos avançar, porém também promove a sensação de felicidade adiada: “ Quando eu for promovida, é que vou ser feliz!”, “Quando tiver aquele aumento, vou ser feliz!”, “Quando comprar aquele carro, serei feliz!”. E vamos projectando no futuro a nossa felicidade. É um pouco como fazer uma viagem e não desfrutar da paisagem, das peripécias que entretanto acontecem, de tal forma estamos focados no destino final. O que é um desperdício enorme! Metade da graça está na viagem, também podemos ser felizes no entretanto. Realmente, podemos ser felizes aqui e agora.

Tenha uma semana muito feliz! Já!

domingo, 8 de março de 2009

"Elas", (Revolução)


(A primeira rosa recebida pela Letícia, foi oferecida pelo pai)

Elas fizeram greves de braços caídos. Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta. Elas gritaram à vizinha que era fascista. Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas. Elas vieram para a rua de encarnado. Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água. Elas gritaram muito. Elas encheram as ruas de cravos. Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes. Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua. Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo. Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas. Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra. Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho. Elas tiveram medo e foram e não foram. Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas. Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa. Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões. Elas levantaram o braço nas grandes assembleias. Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos. Elas disseram à mãe, segure-me aqui nos cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é. Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada. Elas estenderam roupas a cantar, com as armas que temos na mão. Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens. Elas iam e não sabiam para aonde, mas que iam. Elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado. São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.

Dezembro de 1975

in
CRAVO, MARIA VELHO DA COSTA, MORAES EDITORES, 1976

segunda-feira, 2 de março de 2009

Ladrão de palavras

(Imagem aqui)

Imagine uma pessoa da sua confiança, de quem você gosta de facto, a quem trata como amigo, imagine que esse alguém o rouba. Imagine, que tendo em conta várias circunstâncias, você decide ajudar essa pessoa e dá-lhe uma nova oportunidade.

Agora, imagine que essa pessoa o rouba novamente.
Fica chocado? Perplexo? Eu não. A mim surpreendem-me pessoas capazes de superar o erro, que aprendem com os erros que cometem. Sinto admiração por essa classe de pessoas, pois são raras.
O comum é pessoas apoderarem-se do que não lhes pertence; e ladrões não são apenas aqueles que roubam dinheiro, objectos. Embora sejam esses os estigmatizados, eu prefiro-os àqueles que aparentemente dignos, entram, por exemplo, sub-repticiamente num blogue e vão buscar um post de 2006, trocam “banana” por “morango”, "Inverno" por "Primavera" e voilá! O texto muda de autoria. Há muitas formas de usurpar o que não nos pertence e roubar possui um sentido muito mais lato do que aquele que estreitamente lhe atribuimos.
Prefiro um encapuçado, são mais honestos, não enganam quem os vê.

Tenha uma óptima semana!