segunda-feira, 8 de março de 2010

Gavetinha no Contador indo-português


Abria-a no Dia internacional da mulher - Bem sei que o tema é demasiado batido, no entanto é um tema tão tentador! Demais para deixar escapá-lo, pelo menos todos os anos. É que realmente há tanto para falar sobre o assunto, é assim uma espécie de contador indo-português, cheio de gavetinhas e compartimentos.

E desta feita abri a gaveta dos nomes. Sim… porque é que as mulheres ficam com os sobrenomes dos maridos, quando casam?!

Sei que é cultural, na Alemanha por exemplo é aceite pela pragmaticidade ; a família Schutz, a família Baumann… aliás, é assim que atendem o telefone, identificando rápida e sumariamente quem está no lado de lá da linha.
Uma amiga minha finlandesa optou pelo sobrenome do marido, e manteve-o mesmo divorciada, por ele ser croata e ela se tornar assim a única Anita B. de toda a Finlândia.

Em determinados países é opcional e não causa polémica, como por exemplo em Portugal. No entanto, noutros países supostamente modernos é tema de celeuma. Um caso específico, nos E.U. as mulheres podem optar, porém normalmente adoptam o sobrenome do marido. Aquelas que mantém o sobrenome de solteira não são compreendidas; acusam-nas de não amarem os maridos realmente, de não apostarem no casamento, etc.

O que eu sei é que no meu ADN está inscrito o meu sobrenome, aquilo que eu fui, sou e serei, de certeza absoluta.
No meu sobrenome está escrita a história da minha família e é essa que eu carrego.

No sobrenome do meu marido está a história dele e as nossas histórias vão encontrar-se nos nossos filhos. Somente a partir dai.

Pode não parecer, mas tenho para mim que a adopção do sobrenome do marido é uma espécie de apropriação da identidade da mulher. Um cortar com o passado, que efectivamente acarreta uma ideia primitiva e ancestral da passagem de propriedade de pai para marido. Não é isso que simboliza?!

Tenha uma óptima semana!