quarta-feira, 30 de junho de 2010

Advogado do diabo. Eu sou!


Houve uma época em que eu pensava que esta expressão designava o defensor de algum acto criminoso ou ilegal, que é basicamente a mesma coisa. Aquele que tornava partido. Que defendia.
Porém, a experiencia de vida ensinou-me que era algo bastante mais comum; imagine que você conversa com alguém que lhe conta um determinado problema, que teve com outra pessoa. Pode ser algo muito insignificante, tipo: “- Fulana passou por mim na rua e virou a cara, para não me cumprimentar”.

Você ouve apenas um lado na questão, mas como é aquela pessoa que lhe confidência, e como ela atribui a responsabilidade à outra pessoa, você faz o quê?
a)    Você acredita no que ouve, e perante isso emite uma opinião, confirmando ao seu interlocutor que ele tem razão em se indignar.
b)    Você fica na dúvida, porque ignora a questão no seu todo, e tenta ver do prisma da pessoa acusada e ausente. Fornece argumentos que possam trazer dúvida à pessoa com quem fala, tipo: “ -Talvez fulano tenha olhado, mas não te tenha visto” (Dou este exemplo porque aconteceu comigo).

Sem dúvida que se você optar pela primeira opção, o seu interlocutor vai ficar muito agradado consigo. A conversa acaba rapidamente. Ou prolonga-se, na crítica ao faltoso.

Se, porém, você optar pela segunda alternativa, então você está a ser “defensor do diabo”; esta não é uma posição simpática. Quem conta espera compreensão, que lhe digam que tem razão, que se indignem com ele. Se não agir desse modo, vai arranjar sarilhos!

Eu tenho arranjado sarilhos; não é propositado, aliás descobri recentemente, graças à Numerologia, que a responsabilidade é do meu dia de nascimento, 14 - Dia da Compreensão. E é assim, basta alguém começar a contar-me algo sobre outrem, e a minha mente já está a contra-argumentar, em defesa do suposto “réu”. Claro que assim o penso, assim o digo. E quem ouve não gosta.

Não é essa a minha intenção; eu tento compreender os diversos pontos de vista e não julgar sobretudo quando só se ouve uma parte da história. E também, ao expor uma outra perspectiva, desarmar de certa forma quem se sente indignado, para que abra a sua mente à possibilidade do engano, do mal-entendido.

Eu sei como é agradável darem-nos razão! Aqui mesmo na blogosfera, dificilmente nos comentários de um post, se lê uma opinião dissonante; invariavelmente todos concordam com quem publica. Há blogueiros que levam mesmo a mal que alguém pense e diga o contrário.

Eu acho uma lástima; a riqueza da inter-acção humana reside na diversidade de pensamentos e sensibilidades. Se não abrimos a porta à proficuidade do diálogo estamos a perder tempo num monólogo entediante e sem sentido.

E quem quer perder tempo?!Eu não.