quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Educação de filhos. Rapazes e maridos.

Quando engravidei do meu primogénito e conversava com uma colega minha, a respeito da preferência dos sexos dos bebés (ela que tinha uma menina, e não tencionava ter mais), disse-me: - Estou muito contente por não ter um rapaz, porque esses casam e afastam-se dos pais.

Na altura concordei, até porque conheço muitos casos assim, mas confesso que rapidamente esqueci o assunto. Entretanto, este é um tema que me tem de certa forma fascinado e sobre o qual tenho reflectido. Há dias, ouvi na num programa, uma mãe idosa chorar, enquanto contava que o filho não a visitava há 3 anos. Como se justifica uma coisa destas, quando a relação entre ambos foi sempre boa - dita normal- não havendo uma razão clara que levasse a um afastamento ?

É apenas um caso? Não, é muito mais comum do que se imagina. Talvez o espaço de tempo seja menor, mas é a realidade, que um filho casando se afasta progressivamente da sua família natural, na proporção em que se aproxima da família da mulher.

Começa da forma mais simples; o filho quer visitar os pais, mas a nora não. A principio vai contrariada, depois começa a inventar desculpas para não ir, ele vai sozinho, porém quando regressa a casa encontra uma mulher amuada, que lhe faz sentir claramente que não aprova estas visitas. Ele insiste ainda algumas vezes, mas sendo o resultado sempre o mesmo, acaba por não querer chatear-se, e vai espaçando as visitas aos pais. Cada vez mais. Harmonia no lar!

Eu até posso compreender estas mulheres; não simpatizo com elas, mas compreendo-as. São mulheres possessivas, egoístas e com baixa auto-estima.

Uma mulher segura de si própria, sabendo distinguir entre os tipos de amor que o marido sente, por ela e pelos pais dele, não se sentirá ameaçada com os sogros.

Uma mulher generosa, compreenderá que assim como ela aprecia os momentos passados com a sua família natural, o marido também sentirá o mesmo.

Uma mulher justa, não quererá tirar ao marido, aquilo de que ela própria não quer abdicar, nem deixaria que lhe tirassem.

Quem eu não tenho a certeza de compreender são estes maridos, que acabam por se dobrarem às vontades das mulheres, e se afastarem das suas famílias naturais. Será fraqueza de carácter? Ou o amor que sentem pelas suas famílias é dispensável e passageiro?

Não querendo dar uma de psicóloga, analiso a situação assim; em última instância, os filhos são criados e educados, sobretudo, pelas mães e se o amor deles se esgota desta forma tão fácil, algo de errado haverá na relação mãe-filho. Algo de errado na educação.

Serão as mães figuras dominadoras, cujo testemunho é passado para as mulheres, com o casamento?

Serão os conflitos entre a geração mãe-filho, resolvidos com o afastamento deste?

Ou será o exemplo visto da mãe (arrastando a família nuclear para a sua natural), imitado desta vez na figura da mulher com quem casou?

Quando o meu filho tinha 3-4 anos costumava dizer-me que quando crescesse se casaria comigo; era a forma dele expressar o enorme amor que sentia por mim. Por volta dos 5 anos, expliquei-lhe que mães e filhos não podem casar, e que aliás eu já era casada com o pai. Ficou decepcionado, e depois disso ainda me fez alguns pedidos de casamento, mas acabou por compreender.

Eu gostaria muito de conseguir educar o meu filho de forma a transformar-se num adulto seguro e justo; alguém que não se deixasse manipular por caras amuadas, e que não esquecesse nunca o amor e o convívio que teve na sua família natural. Que nos continuasse a ver como os mesmos pais, e a considerar a nossa casa como sua. A voltar sempre; com a mulher, e com os filhos.

Não entendo como se poderá considerar uma nora alguém de estranho; e admiro imenso os casos dos sogros que abraçam as noras como filhas. Sei que há muitos casos assim.

Também gostaria de ser bem sucedida na formação da minha filha; que ela fosse segura o suficiente, para não competir com o amor que o marido sente pela família dele. Que seja justa o suficiente para compreender que o marido também tem o direito de visitar os pais, de passar lá o Natal, e que como ela o ama, também vai!

De uma coisa tenho a certeza, os nossos filhos do futuro dependem da educação que lhes dermos no presente. A certeza da educação perfeita? Não sei, hei-de debater-me com esse tema ad eternum.

Até breve!