segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Filho, estás proibido de crescer!

Ilustração, via
Há dias, durante o almoço,  o meu marido dizia-me: - Já reparaste no buço do Duarte?
Virei-me para o lado e olhei.
-Aquilo não é buço! É sujidade; limpa a boca com o guardanapo, Duarte. 
Meio confuso o meu filho pegou no guardanapo, mas "aquilo" não saia.
-Deve ser marca de leite achocolatado, já seco -Insistia eu - ou então é da sombra!
Pai e filho começaram a rir-se, enquanto eu me debruçava sobre o tal buço, para o analisar. Na verdade, eu já o tinha visto antes, mas inconscientemente tinha preferido não lhe dar importância. Sei lá, podia ser que se não lhe reconhecesse a existência, ele deixasse de se exibir. 
Mas não. Estava lá e já outras pessoas começavam a reparar nele. 

Como o subterfúgio do "não te vejo, logo não existes" não estava a funcionar, resolvi ser mais direta. Já não tinha nada a perder. 

- Estás proibido de crescer, filho! Pára lá com isso, ouviste?!
O Duarte ria-se, divertido. 
- Onde é que isto vai parar?! Volvia eu. Ao bigode, à barba completa?! Qualquer dia estás mais alto do que eu. Isto não pode ser. Dizia, muito circunspecta. 
Ficou claro, pensei eu, que  brincava, porém, passados alguns dias o Duarte perguntou-me, do nada, se eu falava a sério, quando o proibi de crescer.

- Com certeza que não, meu filho, isso não é sequer algo que eu possa proibir, ou impedir. É o curso natural da vida, e eu gosto muito de te ver crescer.

- Mas gostas muito de ter filhos pequenos, não é, mãe? Insistia ele, com alguma razão, pois essa é uma afirmação que eu tenho feito ao longo dos anos. 

-Pois gosto, mas também vou gostar de todas as fases das vossas vidas; todas têm os seus encantos e descobertas, e tenho a certeza que vou aprender muito com elas. 
Acho que o Duarte ficou tranquilo, e esclarecido. 

Mas eu não. 
Realmente estou a sentir uma certa "pena" ao ver os meus filhos crescerem e afastarem-se da infância.Nem sequer é apreensão pela adolescência ( sim, chamem-me inconsciente!), mas antes uma espécie de saudade antecipada de um tempo de vida, que adorei ter experienciado.

Sim, desfrutei bastante, mas que querem?! O ser humano é cheio de conflitos e incongruências, como desejar que os filhos cresçam e sejam pequeninos, para sempre. E eu sou apenas um ser humano...

Tenham uma ótima semana!