quinta-feira, 21 de junho de 2012

Hakira - Uma gatinha

Não é exactamente rei morto, rei posto, pois há cerca de um ano que o Napoleão desapareceu. Ele nunca se integrou verdadeiramente cá em casa; veio já adulto, abandonado por uma família que vivia num apartamento e se mudou, deixando-o para trás.
Era um gato amarelo, lindo e meigo mas realmente nunca pareceu ligar-se a ninguém da nossa família. Há quem diga que os gatos são demasiado independentes, o Napoleão encaixa nesse grupo. Talvez por ter sido abandonado, não sei. Ou simplesmente, quando os gatos entram numa família já sendo adultos sejam mesmo assim.
Portanto, quando ele conseguiu saltar o muro e sair de casa, não alimentei esperanças de que regressasse. O que aconteceu; e desde então, a Letícia voltou a repetir a lenga-lenga " casa sem gato ou sem cão, ou é de velhaco ou ladrão"!

Eu ia dizendo que haveríamos de arranjar um gatinho, mas demorou cerca de um ano, porque efectivamente não conhecíamos ninguém que tivesse crias para dar. Proporcionou-se há cerca de duas semanas, e da ninhada já só restava uma fêmea, que não estava na nossa lista de preferências! No entanto, resolvemos tentar; afinal os machos que temos tido vão-se embora, dando uns passeios mais ou menos demorados, até que deixam de voltar.
Porquê? Porque contrariamente ao aconselhado pela veterinária, nunca os castramos; achamos uma maldade "roubar-lhe" os seus instintos naturais e básicos, para nossa conveniência. Porém, numa coisa a veterinária tem razão, isso também acaba por proteger os gatos, pois ficam mais caseiros, não correndo riscos de serem atropelados e mortos.

Com uma fêmea não temos muita alternativa: ou nos preparamos para acolher ninhada atrás de ninhada, ou a esterilizamos. Esta última solução parece a mais viável. E pode ser que ela tenha uma vida mais segura e longa.

Vamos então às apresentações- o nome dela é Hakira, escolhido pela Letícia. A raça é uma combinação de siamês com europeu, fazendo dela um rafeiro, os meus preferidos! Já disse aqui que não gosto particularmente de raças puras, não já? Não me agrada a criação forçada, em que as fêmeas são transformadas em máquinas de parir. Não me agrada o comércio que se gera à volta. E depois, aprecio o carácter dos rafeiros, mais sadios e felizes. Eu acho.

Só quem nunca teve gatos pensa que os gatos são todos iguais. Não, cada gato tem a sua personalidade! E é tão engraçado ir descobrindo como eles são, do que gostam, do que receiam. Até à data, eu diria que a Hakira é a mais temerária dos gatos que já tivemos: não foge da esfregona, e aspirador, que para ela são brinquedos. Os carros que vê da varanda não a assustam, intrigam-na.
Gosta de dormir em sítios fofos e confortáveis, não fazendo questão do sofá, o cesto da roupa suja também serve muito bem! Gostos...vá-se lá saber.
Desdenhou as Whiskas saquetas, mas a Massa à bolonhesa não teve tempo de arrefecer no prato! Saí à dona, dissemos nós!
Adora brincar à noite; quando as crianças se começam a preparar para irem dormir, já meias sonolentas, a Hakira atira-se a elas, trepando-lhes as pernas, trincando-lhes os pés, e puxando o pijama, numa tentativa desvairada de as desviar das camas. Mas não adianta, vão eles e vai ela, cada uma para a sua caminha!

É curiosa mas cautelosa, vai-se aventurando pela casa, jardim e terraço com alguma precaução, o que demonstra inteligência. Já acorre ao chamado, e tem desde o primeiro momento hábitos de higiene que causam inveja a muitos seres humanos. Ou a quem convive com eles!

Estes dias as crianças diziam-me que já tinham saudades de ter um gato em casa. De facto, uma família fica muito mais completa  e feliz com um animal de estimação. Um pelo menos.

Todas as crianças adoram animais, e os pais não se importam nada de lhos comprar em brinquedos, peluches, ou impressos em  quadros, e até no padrão das cortinas e edredão, cultivando esse amor. Porém, quando chega o momento da criança pedir um gato, ou cão, a resposta dos pais é frequentemente "não". Por uma série de motivos, contudo, frequentemente é apenas porque "dá trabalho".
O que é verdade, mas dá também outras coisas; ter um animal de estimação implica a responsabilidade de cuidar dele, a preocupação de que nada lhe falte. Aprender a cuidar de outro ser é uma lição extremamente importante na vida das crianças. Alem disso, o animal de estimação é também um bom companheiro de brincadeiras, ajuda a criança a desgastar energias, a ficar mais feliz e bem-disposto.
De todas as fotos, esta é a favorita dos pequenos! Tivemos um ataque de riso...

Enfim, tal como disse, não é rei morto, rei posto, mas ...God saves de queen !

Até breve!