segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A carteira da discórdia



Via

Estes dias estava eu a ouvir rádio no carro, quando foi notícia um “reboliço” gerado no FB, devido às declarações de uma blogger de moda. Com mais curiosidade fiquei quando no dia seguinte comecei a ler num blog, e noutro sobre o assunto, e claro, a curiosidade levou-me a ver o vídeo.

Vídeo esse, divulgado por uma marca muito conhecida, que entretanto, pressionada pela má publicidade, suspendera a visualização do mesmo. Mas, uma vez na net, para sempre na net!

Para quem não viu, imagine uma rapariga com sotaque tão afectado que se julgaria tratar de um boneco do Herman, para caricaturar uma tia de Cascais. Convenhamos, uma pessoa a falar assim na vida real, é bastante irritante. 

Segundo; um dos desejos para 2013 da tal blogger era uma carteira Chanel, que segundo ela, ia com tudo, e isso seria uma realização pessoal. Realização pessoal? Ok, parece-me excessivo.
 
Mas enfim, foi isto que desencadeou um ataque generalizado à rapariga, um verdadeiro linchamento virtual.
Não é o caso da Chanel que eu pretendo focar, mas a posição e comentários das pessoas; no entanto, para chegar à reacção das pessoas, tenho que justificar o que penso acerca da ambicionada carteira. 

É um facto que vivemos uma crise de que não há memória. A grande maioria dos portugueses luta para encontrar um emprego e para conseguir pagar as contas mais básicas. 

Por conseguinte, desejar uma carteira que custa uma pequena fortuna, é apenas uma miragem para muitos portugueses, parecendo-lhes a expressão de pura futilidade.
Contudo, para compreendermos este caso  acho que devemos analisar as situações por graus; enquanto para uns a ambição é viver o dia-a-dia, e ter condições de pagar renda, alimentação, etc, para outros (para quem estas coisas básicas estão garantidas), a ambição expressa-se em supérfluos. Não terão direito? Penso que sim.

Não é porque a maioria das pessoas seja obrigada a viver com contenção, que todos os portugueses deverão viver dessa forma; quem tiver condições de frequentar restaurantes, deve continuar a faze-lo, senão os restaurantes fecharão, causando desemprego. Quem tiver condições de viajar, de fazer compras supérfluas, de fazer festas, de comprar carros, etc, deve continuar a faze-lo. A sociedade precisa que haja movimentação de capital. 

Porque não podemos ter, o vizinho também não? A solidariedade não se expressa com esse tipo de comportamento. 

A sociedade portuguesa está tão revoltada, e crispada com esta crise a que políticos que nos conduziram, a um estilo de vida a que já não estávamos habituados, que na sua cegueira quer derrubar tudo e todos. 

Sinceramente, achei chocante e muito preocupante, o tom dos comentários que surgiram, do facto de uma rapariga desejar uma Chanel. A brutalidade e violência, contidas nas palavras de condenação, a um desejo pessoal não tem como justificativa a crise. Mas sim, a inveja. Não vale a pena mascarar a real intenção das pessoas. Foi inveja. 
E achei imensamente triste, pois inveja e violência são extremamente corrosivas, não só para quem atinge, mas para quem as sente também.

Não gostei.

Tenha uma óptima semana!