sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Avós em Redenção

Quando tiveram filhos pequenos, pouca importância lhes deram. Não tinham paciência, nem disposição para os ouvir, brincar com eles, ou mesmo ajudá-los nos trabalhos da Escola.
Tolerância zero para as tolices, mais frequentemente ingenuidades de crianças, a que chamavam asneiras e castigavam fisicamente.
Não lhes ouviam os medos, antes os instigavam com a distância e falta de compreensão. Não lhes davam colo, beijos e abraços, porque não sabiam como fazê-lo, não os tendo recebido dos seus pais.

Todavia, não lhes faltaram com um tecto que os abrigassem e comida na mesa.
Hoje, olhando para trás, dizem em modos de explicação que foi tudo por falta de tempo. Que andavam muito ocupados a ganhar a vida. E agora, como têm o tempo que a merecida reforma lhes proporciona, dedicam-se a fazer aos netos, tudo o que recusaram aos filhos. E mais porventura.

O que me preocupa, são os pais dos netos, prisioneiros ainda da educação da infância, a perpetuar formas de estar, ser e ensinar, sem conseguirem quebrar os ciclos.