quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

O Fracasso do Ranking das Escolas 2014

E todos os anos somos brindados com o ranking das melhores e piores escolas deste país, como se fosse uma referência para ser levada a sério. E mais uma vez, as escolas privadas ocupam os primeiros lugares.
Fosse o estudo realizado com equidade, seria com certeza útil. Apresentaria motivos de reflexão, exemplos a seguir. Como não é o caso, não lhe vejo outro objectivo senão o de exaltar as escolas privadas, e menosprezar as públicas.

Não é possível comparar situações tão díspares. As escolas públicas  recebem todo o tipo de alunos (têm que ser obrigatoriamente inclusivas), sejam eles provenientes de meios desfavorecidos, de famílias problemáticas, hiperactivos, autistas, ou com défice de aprendizagem, de raças e etnias diferentes, acumulados em turmas numerosas, que mesmo em Apoio continuam a ser excessivos. Onde os alunos não são expulsos, senão muito raramente, e quando isso acontece já é tarde, sendo casos de extrema gravidade.
Enquanto nas escolas privadas, onde os alunos são seleccionados, oriundos de famílias com poder económico e intelectual, convidados a sair se lhes derem motivo para tal, com carga horária acrescida imposta por lei, com acesso a explicadores, etc., tudo se conjuga para que o sucesso escolar seja atingido.

Pensar simplesmente que se deve à qualidade dos professores ou à gestão da escola é isso mesmo: simplicidade.
Como comparar circunstâncias tão desiguais? Estas escolas de topo são um embuste. E este estudo uma falácia.
Há outros estudos que desmontam as maravilhas das escolas privadas; como este, sobre a inflação das notas no ensino privado, que permite a cada aluno com um valor a mais subir 471 posições na lista de acesso, no curso de Medicina, Porto, por exemplo.
Ou aquele outro estudo ( elaborado por uma Universidade) demonstrando que após a entrada no Ensino Superior, os alunos vindos do ensino privado, com notas mais altas, não as conseguem manter. Ficando inclusivamente abaixo das notas dos alunos oriundos do Ensino Público, agora sim, em igualdade de circunstâncias de ensino, professores, métodos, etc.

A Escola Pública tem, no geral, qualidade, excelentes docentes, que trabalham frequentemente em instalações degradadas. Proporciona aos nossos filhos uma vivência mais diversificada e rica, ajudando-os a absorver conceitos, como o respeito pela diferença, que os tornarão melhores seres humanos.
Sem dúvida que na Escola Pública a aprendizagem é mais abrangente a todos os níveis.

Mas isto interessa a quem?!