quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Os Meninos a Meia-Calça e o Ballet

Via Brasilianas Org

Acho espantoso como Meninos a fazer xixi sentados, já! publicado em Maio de 2012, continua a gerar reacções, seja na forma de comentários, seja por email. Constato que o tema não é consensual, nem pacífico. O que o torna muito interessante. 

Não pretendo mudar a opinião de ninguém (é sabido que só muda quem realmente quer), apenas partilhar o que penso, e se com isso levar os leitores a reflectir, inclusivamente, partilhando essa reflexão comigo, alcanço o objectivo. E portanto, sinto-me grata por tal  acontecer. Foi também numa dessas trocas de ideias com as leitoras que uma outra questão foi levantada - o uso de meia-calça pelos meninos. 

A Carla questionava por que preferiam as mães deixar os meninos passar frio, a permitir-lhes que usassem meia-calça, apenas por considerarem uma peça de vestuário feminino. E ela mesma concluía que é unicamente uma questão de preconceito. 

Em Portugal, os meninos pequenos usam meia-calça, por debaixo das calças, ou com calções, no entanto, depressa lhes é retirado esse conforto. Recordo-me, em particular, que a um determinada altura, um primo fez ao meu filho um reparo algo preconceituoso. E ele começou a pedir para não voltar a usar meia-calça. Segundo ele, já mais ninguém da sua idade as usava.

Recentemente, recebi um email da Carla, no qual ela me contava que tinha comprado uma meia-calça, para oferecer de presente a um priminho, que mostrara por diversas vezes interesse em as usar. E que ele adorara! 

Não há muito tempo, vi na televisão uma reportagem sobre uma escola de ballet que oferecia as aulas, aos meninos, numa tentativa, algo desesperada penso eu, de os cativar. Porque eles também são necessários para certos papéis, e escasseiam. E porquê? Porque ballet é para meninas. E o futebol para meninos.

Horror dos horrores, meninos no ballet. E a vestirem meia-calça!
É realmente impressionante como a preconceito está por todo o lado, promovendo ideias desnecessárias, que no mínimo dificultam a vida das pessoas, e no máximo, deixam marcas traumatizantes, talvez para toda a vida. 

Não é fácil educar, estamos todos de acordo. Mas também não creio que seja necessário um curso. Basta ter amor, porque essa é a base de tudo: da paciência, da perseverança, do respeito, da aceitação. E ter também uma dose q.b. de sentido crítico, para avaliar se na hora de consentir vestir uma meia-calça ao filho, ou inscrevê-lo no ballet, a opinião geral tem realmente fundamento. 
Vamos lá... afinal o que pesa mais?