terça-feira, 19 de abril de 2016

A mãe portuguesa

"Não sei se é característica de quem é portuguesa, mas eu sou ... GALINHA! E com muito gosto. Sou cuidadosa, stressada, exigente, chego a ser um bocado intransigente. Gosto de regras, de horas, de ter tudo sentado à mesa a jantar em família, de os chamar e que eles me respondam à primeira, gosto que digam "bom dia" a quem chega, que cumprimentem com um beijinho, que agradeçam e digam "se faz favor", que façam uma grande festa quando vêem os avós, e os tios, e que, ainda assim, sejam o mais descontraídos possível! Não vou em conversas do que não se deve obrigar as criancinhas... eu obrigo e exijo. 
Tenho mania de os vestir de igual ( isto é muito "tuga"). 
As características de uma mãe portuguesa? Passamos aos nossos filhos aquilo que nos passaram a nós, cultura, educação, e temos sangue na guelra, caramba! Eu sou um bocado "vai tudo à frente", e às vezes não consigo manter a calma. E eles já sabem que quando a mãe se passa, de de vez em quando salta um tabefe!
Mas nada disso impede que tenha uma relação muito próxima com eles, dou beijos apertados e abraços esborrachados, brinco e digo parvoeiras, toco viola e canto com eles, dou-lhes conselhos, estudo com eles ( ok, esta parte chateia-me um bocadinho, esta obrigação de, irrita-me! Alguma vez os nosso pais?... enfim), vou com eles às compras de roupa, deixo-os opinar q.b. . Só espero que os meus filhos cresçam felizes, que saibam escolher o melhor caminho para eles ( com as minhas indicações, luzes, e apoio), que ganhem asas quando tiver que ser... e voem... ( para perto!)."
Ana Rocha Leite, 3 filhos entre os 4 e 9 anos, in revista Activa, Maio 2015 

Tenho duvidas quanto à representatividade desta mãe; começa logo pelo número de filhos, o dobro da média nacional. Também não tenho ideia que a mãe portuguesa seja tão exigente; relativamente à educação seria bom que assim fosse, mas acho que o comum é serem mais permissivas. Vestir os filhos de igual, a não ser em gémeos ( o que já acho irritante), é outra coisa que não vejo vulgarmente.

Embora na essência eu me assuma como mãe-galinha, também acredito em concessões, e cedo quando convencida; por vezes os argumentos dos filhos são mais fortes do que a educação que recebemos dos nossos pais ou do que aquilo que aparentemente é lógico. O mundo não é o mesmo, e as crianças da actualidade são mais espertas ( a própria ciência o confirma). Não acredito na imposição pela força, que apenas ensina a lei do mais forte. Mas sim, também anseio que eles cresçam felizes, e não voem para longe. De resto, haverá alguma mãe, seja de que nacionalidade for, que não deseje o mesmo?