terça-feira, 30 de agosto de 2016

Douro - Detrás do cenário


O Douro é lindo para turistas, e formidável fonte de rendimentos para os donos dos barcos, dos hotéis de charme e bem estrelados. Para meia dúzia de produtores de vinho, com nome e capacidade financeira para promover as suas safras.
Para quem o habita, nele trabalha e dele vive, é outra coisa, bem diferente.

As aldeias perderam os Centros de Saúde, as escolas, e as gerações jovens, que partindo em busca de uma vida menos dura e mais bem paga, as deixaram silenciosas e vazias. 
Trabalham a terra os velhos teimosos, conformados com a falta de forças, em continuo decrescer, com ajuda de trabalhadores à jorna, a grande custo muito bem pagos. Fazendo contas ao dinheiro da venda do vinho ( cada ano mais mal pago), que chega sempre e cada vez mais atrasado. Sentindo o desamparo da Casa do Douro, que para os pais e avós foi sólido e idóneo parceiro.
E como se o presente não bastasse de preocupação, inquietam-se com o amanhã; o que acontecerá às terras que cultivam de geração em geração? Quem, de entre os filhos, as quererá, se escolhendo outra profissão, agora ignoram como se faz, ou manda fazer? O futuro é incerto, mas prenuncia-se angustiante, sobretudo, pela suspeita do fim de linha.

O Douro das telenovelas, dos cruzeiros, das provas de vinho e turismo vinícola é outro; alimenta quem menos o conhece e ama. Promove-o para os seguidores dos ideais capitalistas, que venham também aqui abocanhar o seu pedaço. Enquanto os que verdadeiramente fazem do Douro aquilo que ele é, deixando a pegada nos seus socalcos, morrem à mingua. 


Enquanto uns pagam para "brincar às vindimas", os agricultores do Douro debatem-se com o habitual problema de falta de mão-de-obra para a apanha da uva. 
Muitos agricultores vendem azeite e vinho ao garrafão; basta empurrar o portão da Quinta e chamar "ó da casa", para levar consigo produtos caseiros de alta qualidade, a preços justos. Mas não, preferem comprar nas lojas de "souvenirs", nos supermercados e Garrafeiras.
O Douro dos turistas é lindo, mas o dos durienses é duro. Não há governo, nem ministro da Agricultura, nem turista com quem possam contar. Estão por sua conta, e sabem-no. Resta saber até quando.
  

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Hanno e a Ordem do Elefante Branco




No palácio Amalienborg, que também é a residência da família real dinamarquesa, notamos entre as diversas comendas uma do Elefante Branco. Primeiro estranhamos; o que faz o elefante na Dinamarca? Elefante branco? Nem a funcionária daquela ala do museu soube responder às nossas questões, excepto dizer que era antiga, do séc.XVI. Então começamos a relacionar algumas coisas, mais precisamente com a história de Hanno. Este foi o elefante vedeta, que fazia parte da embaixada portuguesa, chefiada por Tristão da Cunha, enviada ao Papa no séc.XVI. A parada foi comentada em toda a Europa pelo seu exotismo, opulência e singularidade.

D. Manuel tê-lo-ia recebido como um presente do rei de Cochim, ou pedido a Afonso de Albuquerque o seu Governador da Índia, para comprá-lo. Conta-se que Hanno era de cor branca, e chegou numa nau, enviado de Lisboa a Roma em 1514, com cerca de quatro anos de idade.
A sua chegada foi comemorada na poesia e nas belas-artes.

Para a mesma ocasião viria um rinoceronte, que seria retratado por Albrecht Dürer em uma famosíssima xilografia, conhecida como Rinoceronte de Dürer. Apesar de nunca o ter visto, o artista baseara-se numa descrição extremamente precisa do animal. O barco com o rinoceronte terá naufragado ao mesmo tempo que Hanno chegava de Lisboa.
Na embaixada manuelina, que atravessou a cidade para deleite dos romanos, vinham também dois leopardos, uma pantera, alguns papagaios, perus raros e cavalos indianos. Hanno carregava um palanque de prata no seu dorso, em forma de castelo, contendo um cofre com os presentes reais, entre os quais paramentos bordados com pérolas e pedras preciosas, e moedas de ouro cunhadas para a ocasião.
O papa recebeu o cortejo no Castelo de Santo Ângelo. O elefante ajoelhou-se três vezes em sinal de reverência e depois, obedecendo a um aceno do seu mahout (tratador) indiano, aspirou a água de um balde com a tromba e espirrou-a sobre a multidão e os cardeais.


Inicialmente Hanno foi mantido em um pátio belvedere, mas depois passou para um edifício especialmente construído para o efeito, entre a Basílica de São Pedro e o Palácio Apostólico, perto de Borgo Sant'Angelo.
O elefante tornou-se num favorito da corte papal, alegadamente fazendo habilidades para o seu divertimento e participando em procissões. Rafael e Pietro Aretino desenhavam o fascinante animal, que custava cem ducados por ano aos cofres papais. Os cronistas da época falavam dele como sendo extraordinariamente inteligente, que dançava e lançava água pela tromba, entre outras brincadeiras.

Dois anos depois de chegar a Roma, Hanno adoeceu subitamente com angina, devido ao clima húmido da cidade. Trataram-no com um purgante mas morreu em 8 de Junho de 1516, com o papa ao seu lado, e foi sepultado no Cortile del Belvedere.

Raffaello Santi criou um fresco memorial (já não existente), e o próprio papa compôs o epitáfio, que Francisco de Holanda reproduziu no seu caderno de anotações.*


Relativamente à Ordem do Elefante Branco** (em dinamarquês: Elefantordenen) é a mais alta ordem da Dinamarca. Tem origens no século XV, mas existe oficialmente desde 1693, e desde o estabelecimento da monarquia constitucional em 1849, é quase exclusivamente concedida à realeza e chefes de Estado.
Contudo, a Ordem do Elefante Branco pode ser localizada por volta  de 1460, quando Christian I, com a aprovação do Papa, estabeleceu "A Sociedade da Mãe de Deus"***.  
O emblema da sociedade era um medalhão da Virgem Maria e o Menino Jesus numa torre, numa cadeia de elefantes. A página oficial da casa real afirma desconhecer a razão da escolha do elefante.  

Portanto, à partida há fortes coincidências, elefante branco, torre em cima do elefante, ricamente decorado, parece mesmo que a comenda foi inspirada em Hanno. Além disso, os elefantes eram raros na Europa ( suspeito que Hanno terá sido mesmo o 1º a cá chegar), e os dinamarqueses nem sequer estiveram envolvidos nos Descobrimentos, muito menos, tão precocemente.
Existe porém a discrepância na data.
Uma coisa é certa, mantém-se um certo mistério à volta do emblema da Ordem, e toda esta história me fascina, por suspeitar que está de algum modo interligada.  

Fontes:
* Wikipedia
** Wikipedia
*** Kongehuset

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Quando chove em Agosto...

Via
Recordo-me, de em criança, apreciar imenso os raros dias de chuva que aconteciam nas férias de Verão. A temperatura descia, ficava mais fresco, e já apetecia ficar dentro de portas outra vez, a fazer um programa de "Inverno" no aconchego do lar. 
Pelo contrário, para os pais que estão em férias com os filhos, dias com chuva são à partida um inconveniente, uma maçada! Fechadas em casa as crianças tornam-se disparatadas, ruidosas, aborrecidas, mas porque se aborrecem, apenas por isso. Porém, há coisas que se podem fazer para melhorar o dia de chuva, e torná-lo até num dia muito bem passado.

10 Sugestões: 
1º - Sessão de jogos de tabuleiro. ( confiscar tablets e telemóveis, guardando-os num cesto, para tornar a coisa mais séria!)
2º - Fazer uma sessão de cinema caseira; escolher o filme, em conjunto, fazer várias taças de pipocas, receita aqui, e sentar no sofá.
3º - Confeccionar um bolo; ligar o forno ficou possível, é só optar pela receita do agrado de todos, disponibilizar decorações e dar asas à imaginação. 
4º - Fazer ginástica; colocar um colchão de campismo no chão ( ou manta), deixar espaço em redor, e promover uma série de exercícios, conforme a preferência familiar. Ioga é uma boa opção. Aulas online no youtube. 
5º - Fazer uma sessão fotográfica; reunir diversos acessórios e fazer cenários, também faz parte da brincadeira. 
6º - Fazer festa temática; assim uma espécie de Carnaval extemporâneo.  
7º - Fazer um piquenique; no chão da sala, por ser invulgar vai tornar-se tão divertido como costuma ser no campo. 
8º - Fazer um Festival de música; transformar um espaço em discoteca, ou sala de festas, deixar a música tocar, e dançar, dançar...!
9º - Sessão de leitura; cada um escolhe um livro para ler e fazem a leitura no mesmo espaço. Ou escolhem um livro de histórias e cada membro lê à vez. Ou apenas os pais lêem em voz alta. 
10º - Passear à chuva; esta pode ser disparatada, mas as crianças adoram chapinhar nas poças de água e nunca lhes é permitido! Não está assim tanto frio, pois não? É só calçar galochas e quando chegarem a casa, dar uma secadela com a toalha e secador, e depois beber um Chocolate quente! 

Carpe diem!

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Tempo - Você colhe o que planta



Estava a ver (novamente)um vídeo de Marshall Rosenberg sobre a "comunicação não-violenta", que aproveito para recomendar, quando o pai de um filho adulto se queixou de que o filho nunca tinha tempo para conversar com ele. Nem sequer quando o pai directamente o solicitava. E lembrei-me deste vídeo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Má pessoa > bom profissional

Por mais que me digam que más pessoas podem ser excelentes profissionais, não consigo resolver este dilema - Como poderei confiar no profissional se não confio na pessoa?

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Dica de filme: À procura de Dory


Neste momento há imensos filmes de animação a passar no Cinema, a escolha não é fácil porque nos parecem todos muito bons, portanto a Letícia acabou por escolher este, o que me pareceu bem. Mas não esperava realmente que fosse tão bom!
Lembram-se da Dory? Amiga do Nemo? Já então era muito engraçada, então essa faceta continua activa, mas não preponderante; neste filme, a Dory revela-se uma personagem de acção, que toma as rédeas contra as adversidades e comanda a sua vida. Que inspira os outros a fazerem o mesmo. Que persevera no seu objectivo, e assim o alcança. Em simultâneo, os valores da família ( que nunca desistem uns dos outros) e da amizade são promovidos de forma fantástica. 
Recomendamos, para miúdos e graúdos. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Há algo de belo no Reino da Dinamarca

Pequena Sereia -Inspirada no conto de Hans Christian Andersen
Tinha grandes expectativas para a Dinamarca, sobretudo para Copenhaga, que seria o nosso destino final. Basta ler a apresentação na Wikipédia, para entender porquê - aqui. Pois bem, não me senti de todo defraudada, apesar de isso já me ter acontecido antes. A Dinamarca é um pais belíssimo ( visto do ar fez-me lembrar imediatamente a Holanda, até aí o meu pais europeu preferido); seguro, limpo, organizado, cuidado, pontual, correcto. Não há sinais de pobreza, a ausência de sem-abrigos e mendicidade ( vi apenas duas jovens mulheres aparentando ser romenas), fazem-me crer que o estado social de facto funciona. 
Já me tinha desabituado a fazer conversões de moeda, o uso do euro é realmente prático, mas aqui circula a coroa dinamarquesa, salvo raríssimas excepções. O pais, como todos me diziam, é caro; um postal custa 1€, um íman 5, ( as únicas lembranças que compro habitualmente) e nunca paguei essas quantias em nenhum outro país. A alimentação igualmente, mesmo comprando no supermercado, por exemplo uma embalagem de pão custa cerca de 3.60€ no Irma.
Por outro lado, as crianças não pagam bilhete de autocarro até aos 12 anos e enquanto em Portugal, há locais onde os bilhetes-família deixam de ser aplicados a partir dos 12 anos dos filhos ( não é um absurdo?), ou apresentam descontos quase nulos, na Dinamarca um casal que leve os filhos aos museus não só não paga pelos filhos, como obtém ainda um desconto simpático nos seus próprios bilhetes. Isto sim, é não somente política de família, é promoção da cultura!


A língua é de difícil pronunciação( próxima do sueco e norueguês).  Por vezes, captava o significado de alguma expressão por ser semelhante ao alemão ou inglês; ainda tentamos pronunciar uma ou outra palavra, mas quando um motorista de autocarro também se atrapalhou a pronunciar qualquer coisa como " Emdrupvej", deixamo-nos de ser convencidos! Mas é muito giro de se ouvir; ouçam só esta.
Toda a gente fala inglês, e por duas vezes até encontramos dinamarqueses que falavam português! Na fila de um museu a senhora da frente virou-se para nos dar uma informação sobre a qual eu e o meu marido conversávamos, e noutro museu um dos funcionários disse à Letícia para ver um quadro de determinada posição, e como mudava de rosto. Foi totalmente inesperado. E simpático.

Câmara de Copenhaga. Torre do Parlamento dinamarquês. Museu Nacional. Amalienborg. Igreja Frederich.
Como habitualmente, a Letícia organizou o top10 Copenhaga, que retirou do youtube, e como coincidia com o Michelin, conferimo-los todos, com excepção para o Tivoli. Inicialmente a Letícia queria muito lá ir, é o parque de diversões mais antigo do mundo, que inspirou a Disney e tal, mas a mim não me interessava nada, portanto fomos adiando, até que no último dia ela própria desistiu; certamente já estava cansada demais, porque o nosso ritmo é muito puxado. Mas claro, passar pelo Hard Rock café, apreciar as relíquias de algumas estrelas, sobretudo a guitarra de Kurt Cobain, era algo que não podia falhar, por ela. E lá teve que comprar aquela t-shirt mixuruca ( que a Letícia não me leia!), que não vale um décimo do que custou, mas enfim... gostos. E idades. Assim como comer um bolinho na melhor pastelaria da capital, a Andersen Bakery, foi gosto que lhe satisfizemos de bom grado, mas que para nós era dispensável. 

Parada da infantaria - Erik Henningsen
De tudo o que visitamos destaco o Statens museum for Kunst ( museu de belas artes), que adivinhava já como um dos pontos altos, por ser aparentado com os museus de belas artes flamengos, tanto do meu gosto. Descobri assim os pintores dinamarqueses, que não são inferiores em nada, aos maiores da Europa.  
O Rosenborg slot, é um pequeno castelo mas soberbo em decorações acumuladas ao longo de quatro séculos, espólio e acervo como as jóias de coroa.
O Amalienborg é construído em circulo por quatro núcleos, e habitado actualmente pela família real; a família herdeira habita-o todo o ano, a rainha Margarida apenas no Inverno, e a princesa Benedicte também parte do ano. Aqui descobrimos algo muito peculiar, a existência da ordem do Elefante Branco. Isto levou-nos a especular bastante, inclusivamente com uma funcionária do castelo. Isso fica para outro post, pois é assunto que merece destaque por si próprio.  
A surpreendente Christiania é uma zona "livre", construída nos anos 70, que pretende ser muito mais do que um local onde se vive; é um modo de vida, um estilo alternativo. Entrar ali é percorrer um túnel do tempo até à época do "peace & love"; é algo caótico, artístico, ecológico, com feirinhas de roupa e bijutaria, mas também de haxixe, onde os vendedores tapam o rosto com gorros ( como se fossem assaltantes), mas se mostram legalmente descontraídos. É proibido fotografar, nem sequer é conveniente exibir máquinas fotográficas ou telemóveis. Existe um código de conduta, e convém respeitá-lo, pois aquelas pessoas não são para brincadeiras. Não mesmo. 
O jardim Botânico, pelo verde, beleza e diversidade botânica. E porque mesmo na cidade é fundamental para mim entrar num recanto natural e recuperar o fôlego.

 
Tivoli. Pastelaria  Andersen. Assembleia nacional. Museu Ny Carlsberg. Castelo Christianborg. Statens museum for Kunst.

E na segunda feira, aproveitando o dia em que os monumentos estão fechados, demos um salto à Suécia. Foi mesmo um pulo, de comboio de Copenhaga para Malmo, através da ponte Oresund, são 35 minutos. Passeamo-nos por Stortorget, a praça principal com a estátua de Gustavo X, que data de 1530, rodeada de belíssimas casas antigas, por Gamla Vaster e as suas casas coloridas de rés-de-chão; visitamos a igreja de S.Pedro, e o castelo Malmohus, com os seus 4 museus incluídos, que por sorte está aberto ao público à segunda-feira.
Dicas aqui 


Malmo - Suécia
Tivemos uma sorte extraordinária com o tempo, a temperatura manteve-se à volta dos 25º, ainda mais porque na semana anterior tinha chovido, e no dia seguinte à nossa partida também choveria. Portanto, a parka não saiu da mala!

Tenho duas categorias de países, os "está visto", e os "quero voltar", a Dinamarca pertence ao segundo grupo; exceptuando os rigores de Inverno não consigo lembrar-me ( ou descobrir) de nada que nela me desagrade. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Dica de leitura - Travessuras da menina má

Via Wook
Ricardo tem o sonho de viver em Paris, é realmente o seu único sonho, e assim que o realiza conforma-se com a sua rotina, sentindo-se satisfeito com a vida que tem. Subitamente, a sua vida dá uma reviravolta quando uma paixão da adolescência surge acidentalmente, revelando-se ainda mais misteriosa, contraditória e inesperada, do que aquilo que ele poderia imaginar. 
Nasce assim um amor que atravessa décadas, ultrapassa problemas e decepções, enquanto para o comum dos homens ultrapassa também o aceitável e compreensível. É o verdadeiro amor.

Inesperado, dramático, cómico, é uma leitura convincente, que tanto nos causa indignação como nos leva a compreender, e até a desejar, as "escorregadelas" de Ricardito.
Tenho, porém, alguns reparos acerca dos diminutivos, que me causam sempre um certo desagrado, sobretudo em quantidade abundante, como é o caso. Alguma característica da escrita peruana? Ou influencia coloquial? Não sei. De igual modo estranho a constante troca de tempos verbais que para nós não são comuns: "havia sido" em vez de "tinha sido", por exemplo, o que acontece repetidamente. Escolha do tradutor? Também não sei. 
No geral, um livro que prende e surpreende. 

Título: Travessuras da menina má
Autor: Mario Vargas Llosa
Editora: D.Quixote
Nr.págs. 375
Preço: 18€

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

A bebé da esplanada

O casal jovem chegou à esplanada com a filha, muito fofinha, ao colo. Colocaram-na na cadeira alta, que a funcionária lhes trouxe, fizeram o pedido, e pegaram cada um no seu telemóvel. A menina, aparentado um ano de idade, sem choro nem protestos de qualquer espécie dedicou-se a observar o que a rodeava: as outras pessoas, os carros que passavam, os pais, com os seus telemóveis, como se fosse um filme mudo.  
A empregada de mesa voltou com o pedido, que ia distribuindo enquanto sorria à bebé; por fim, disse-lhe qualquer coisa. Os pais pousaram os telemóveis sem pressa e começaram a tomar o pequeno-almoço, monossilábicos. A bebé é que nunca mais largou a empregada de vista, retorcia-se na cadeira, para a acompanhar pelas suas andanças entre mesas. Esperando, certamente, um outro sorriso e quiçá, outra palavra.

Sabemos já que uma determinada geração se queixa por ter sido relegada para segundo, devido ao trabalho dos pais. Não sabemos ainda as queixas desta geração, que acumula contra si, trabalho e redes sociais. Mas podemos antever desde agora que a dose de recriminação vai sofrer um upgrade; não se trata de "necessidades do trabalho", trata-se de indiferença escolhida. 

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O meu filho na Universidade

Via Universidade do Minho

Não, não é um génio que ingressa no ensino superior aos 15 anos. Apenas fez o workshop de uma semana, que se revelou muito do seu interesse, apesar do inconveniente da data (- nossas férias em Copenhaga = férias de pais = horas ilimitadas no pc). Gostou tanto que para o ano pretende repetir. E dessa vez, a irmã com ele.

As férias também servem para proporcionar experiências pedagógicas, como esta. A oportunidade de frequentar um espaço de aprendizagem para jovens alunos do ensino secundário, mas também fomentar o espírito de trabalho em equipa, e laços de amizade e confiança mútua, através das diversas actividades pedagógicas, lúdicas e culturais levadas a cabo em ambiente universitário. Os estudantes terão ainda a oportunidade de conhecer as cidades de Braga e Guimarães, de conviver com colegas de diferentes regiões geográficas e de aprenderem enquanto se divertem a experimentar as acções científicas, culturais e desportivas propostas.

Recomendamos! 

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Humor dinamarquês

Num salão de Chá
 ( Coma aqui! Um "milhão" de moscas não podem estar enganadas!...)

Dizer: Os alemães são frios, ou os franceses antipáticos, são apenas rótulos generalistas, que se revelam injustos e preconceituosos.
As personalidades dos países são como as cebolas, é preciso descascar as camadas para as conhecermos. E se desistimos à primeira, porque nos fez piscar perturbadamente os olhos, nunca passaremos da superfície. Dos rótulos.

Os dinamarqueses não são "sérios"; não sérios demais, para terem sentido de humor. Aliás, o sentido de humor dinamarquês nem sequer está escondido, parece até que fazem gala de o exibir, como se fosse demasiado potente para estar guardado apenas para eles. É diferente de todos os outros que eu conheço; é refinado, cáustico, e provocador. Muito ao meu gosto.

Num bar
( Eu não sou alcoólico, os alcoólicos vão a Reuniões. Eu sou um bêbado, nós vamos a festas!) 

No trânsito

 
Numa loja de impressões