quarta-feira, 22 de novembro de 2017

E se fosse consigo? #Assédio




Confesso que não costumo ver o programa "E se fosse consigo?", mas tenho acompanhado por alto as temáticas e reacções. Este sobre o assédio, vi de fio a pavio, com muito espanto. Três coisas, sobretudo, provocaram-me diferentes considerações; primeiro, senti-me perplexa pela quantidade de pessoas que assistiu à simulação do assédio, na paragem dos autocarros, e se manter alheia. Segundo, por essa mesma quantidade de pessoas, serem mulheres. E terceiro, pela falta de capacidade em reconhecerem o assédio; houve até, quem confundisse com brincadeira, uma mulher, por sinal. 

Em entrevista, todas responderam que se lhes fosse alguém próximo ( uma filha, neta) a ser assediada como aquela rapariga, teriam reagido, partindo até para a agressão física. Com a honrosa excepção de uma senhora, que disse mesmo que aquela rapariga poderia ser a sua filha, e que a partir daquele momento ficava sob a sua protecção, mais ninguém a defendeu. Esta falta de solidariedade entre mulheres, é a nossa primeira fraqueza; enquanto não compreendermos que temos que defender as nossas jovens, filhas, netas, primas, amigas, colegas, conhecidas, como se nos fossem realmente próximas de sangue, continuaremos desamparadas, à mercê dos cavaleiros andantes. Que os há, e na reportagem houve pelo menos um. Mas não basta, nem de perto. 
Há porem esperança, quero acreditar que nas gerações mais novas a postura é outra. O conhecimento sobre o abuso está mais alerta. E como na reportagem a faixa etária foi sempre mais elevada ( com uma ou outra excepção) não posso comprovar a minha teoria, o que me parece de grande pena. 
Perturbou-me, e assustou-me, a quantidade de jovens raparigas que testemunharam terem sido vítimas de assédio sexual nos transportes. E mais, que ninguém as socorreu, nem Justiça nem pessoas. 

Fiquei a pensar ainda, se a reportagem fosse feita no Norte, não seria outro o resultado? Teriam as testemunhas do assédio permanecido indiferentes? Novamente, quero acreditar que não. Porém, temos que convir, o assédio é um problema estrutural, que deve ser tratado com grande empenho e sentido de realidade, para que mentalidades e comportamentos mudem. E o Mundo se torne mais seguro para as mulheres.